domingo, 6 de abril de 2008

A mulher que mais amei e amarei.


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Eu estava vivendo os melhores dias do meu ano. Todas as festas estavam planejadas, os meus sonhos não estavam realizados ainda, mas tudo me levava a crer que eu era feliz. O meu namorado tinha me dado um cartão de Natal onde dizia que eu lhe fazia feliz, e isso logo me alegrava ao extremo. Mas eu não percebia que tudo isso me cegava para muitas coisas, umas delas era reconhecer que eu tinha uma família bela apesar de cheia de problemas.
Estacionei o carro com um sorriso irradiante no rosto. Entrei em casa com o cartão natalino na mão. Passando pela sala minha irmã dormia, meu irmão assistia televisão com o volume baixo. Olhei pra ele e falei: “e ai beleza?” Simplesmente acenou a cabeça confirmando. Me feixe no quarto e mal entrei e já liguei o som em um rock pop nacional. Refugio em musicas vazias. Sempre corria de um silencio que pudesse me levar a encontrar-me com os meus problemas, des de a minha adolescência escutei muita musica, seja onde estivesse e fazendo o que fosse. Mal da sociedade atual. O silencio nos acusa de grandes pensamentos, do qual fugimos. Muitos trabalham escutando musica ou conversando todo tempo, entram no carro de vidros fechados buscam escutar os limites de um som, quando já não estão no telefone falando com um amigo ou ainda talvez falando de trabalho. E eu infelizmente me contava entre esse numero de doentes que se acham “os melhores.”
Infelizmente eu não sabia o mal que isso me causava, infeliz também por não saber que esse dia mudaria a minha vida. Tirei a roupa e me enrolando na toalha já caminhava rumou ao bainheiro, percebi que não tinha sabonete e tinha que buscar na dispensa, isso sempre me causou muita raiva, então logo xinguei o nome mais feio e mais próximo que meu vocabulário alcançou. Mas não tive escolha, tive que ir buscar. Ao entrar na cozinha vi que minha mãe chorava, olhei pra ela ainda com a cara de irado que estava. Só bati no seu ombro e pensei: “deve ser mais uns dos dramas da minha mãe, ou brigou com meu pai ou quem sabe descobriu mais uma do meu irmão menor...”
Tomei meu banho, fiz a barba e ainda cantei no chuveiro, esta era uma noite normal na minha família, ate que eu voltar na cozinha e encontrar minha mãe no chão. Não sei o que me fazia senti que não era um simples desmaio. Eu já senti que minha mãe estava morta. Peguei-a no colo tentei descobri nela um sinal de vida, mais foi em vão. Seria um sonho? Mas infelizmente eu estava acordado.
Acordei todos na casa com os meus gritos, uma lagrima muito grossa caio do meu rosto e se uniu à muitas lagrimas silenciosa da mulher que mais amei e amarei na minha vida. Olhei pra traz, já estavam todos à minha volta. Um pequeno rabisco foi lido por minha irmã Manuella. O bilhete que estava do seu lado só falava de amor e da felicidade que ela tanto desejou para seus filhos ingratos. Abracei o seu corpo sem vida e gritava desesperadamente “mamãe”, como uma criança a pedir leite nas noites frias com medo do bicho-papão...
Toda a família se abrava, talvez se esse abraço tivesse acontecido antes certamente não estaríamos ali chorando o nosso peso em nossa dor. Foram varias vezes que eu falei para meus amigos: “minha mãe o meu maior tesouro”. Porém o que adianta dizer por dizer? E mais, o que vale um tesouro sem valorizá-lo? Cada um de meus irmãos se culpava aleatoriamente em prantos, mas o que valeria tudo aquilo se não nos devolviam a vida dela? Indignado com a sena eu calava em palavras e gritei em pranto, sabia que tinha parcela de culpa, e meu choro queimava meu peito como fogo. Sentia minha vida estraçalhada como por uma faca bem afiada.
Dei um beijo demorado na testa da minha heroína, que mesmo percebendo que seu corpo não tinha mais os batimentos não queria acreditar que estava morta. Levantei-me do chão, abracei também meu pai que já estava com o telefone na mão, e tomava os procedimentos necessários para triste situação. Sai de casa. Todavia, aonde ir? Quem procurar? A lugar nem um, e à ninguém encontrar, não tinha solução. Sem rumo sai de perto de todos.
Parei na praça central, deitado no volante pude lembrar-me de muitas coisas boas que passamos juntos. Reconheci não facilmente que sempre fui muito carinhoso com meus amigos e colegas, mas faltou carinho para quem me ensinou o que é o amor. Sempre acreditei que minha amada mãe apesar de tão boa e muito compreensiva, não tinha me aceitado, isso me causava muita dor. Fui acusado muitas vezes por ser a causa das noites mal dormidas da minha mãe. Porém sempre acreditei que lá no fundo do seu ser, por me amar muito, ela nunca se envergonhou de mim por eu ser gay ou por não responder as vontades formais da sociedade machista, e simplesmente me aceitou como seu filho.
Como foi difícil pra mim tão jovenzinho ter que contar para ela que eu tinha me apaixonado por um coleguinha de escola, e eu estava namorando aquele menino. Lembro-me como se fosse hoje as angustia do seu olhar. Ela queria fazer alguma coisa, queria dizer uma formula para me ajudar. Mas por não existi essa ideológica formula ela se angustiava. Foram semanas e semanas de sofrimento por ambas as partes. Vejo que o bonito nisso tudo foi que ela jamais me tratou com indiferença ou desamor, mesmo tentando ser mais severa talvez como forma de castigar-me, a final só sabia amar-me e compreender. Como fizeram os meus melhores amigos.
Muito me alegra também saber que ela se propôs ao desafio de me amar com toda a minha realidade homossexual. Max, meu segundo namorado me disse uma vez, “eu amo a dona Carminha, ela é a mãe que eu nunca tive...” Foi em seu maternal ombro que chorei o rompimento do meu noivado, e ela sabiamente me levou a encontrar uma nova razão para continuar a sonhar. E eu lamentavelmente nunca reconheci com tanta verdade o amor infinito que ela me dedicou e tanto me foi fiel como ninguém consegui.
Hoje morre a mulher da minha vida, a mulher que me fez ser homem. Mas ao mesmo tempo reconheço que não tive uma simples mãe. Tive e tenho uma heroína. Não só eu posso afirmar isso mais todos que a conheceram, em especial meu três irmãos, que foram criados sobe seus cuidados singelos e severos. De tudo que vivemos nos irmão sabemos que se não passamos fome, e se temos hoje um estudo que nos caminha para um futuro seguro, é graças a Mulher Carmem que nunca teve vergonha de trabalhar.
Quando era só Matheus, meu irmão mais velho, ela veio morar na capital com o coração cheio de sonhos e nos braços a força de uma garra para trabalhar, mãe solteira mas muito mulher para ter construído uma bela historia. Apesar de uma vida sofria nunca faltou amor e educação para mim e nem para nem um de meus irmãos. Sabemos que nunca conseguiu superar todas as coisas que fatalmente sofreu. A sua historia a felicidade sempre foi coisa de momentos, lembro-me do seu maravilhoso sorriso no dia do casamento do Matheus.
Quem sabe eu pudesse ter feito minha mãe muito mais feliz se tivesse reconhecido antes tudo isso que agora vejo. O meu soluço foi interrompido pelo toque do meu celular, era meu namorado, certamente já estava sabendo. Não querendo atender só desliguei o celular, enxuguei o rosto e tive a conclusão que eu perdi a presença da mulher da minha vida, mas fica em mim tudo que ela me ensinou. Faço o firme compromisso de viver mais, viver melhor, dar valor as pessoas que tenho em casa, ser mais carinhoso com as pessoas que a vida me deu de presente e devo valorizar. Aprendo ainda que, a vida continuará, e dona Carmem não morreu, sempre será viva em minha lembrança e em meus sentimentos. A mulher que mais amei e amarei, a minha heroína Carmem Christopher Lopes.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

é sempre bom "pinguiar" os i´s os j´s ! Mas os ü´s as vezes



Existe em muitos de nós, uma tendência por querer resolver todas as coisas. Isso é realmente bom, mas é preciso reconhecer que muitos “problemas” encontram suas soluções em reconhecer que não se existem soluções para eles. A cada dia escrevemos mais um precioso trecho do capítulo da nossa história. Uma estrada muito bem repleta de desafios e sorrisos. A vida como um convite para vivê-la, mas vive-la bem. Para seguir adiante é necessário estar resolvido com o passado e com as pessoas que fizeram parte dele. Sem que isso se encerre na obsessão por tentar deixar tudo certinho e bonitinho. É ilusão crer que deixamos tudo na perfeita paz, a final o homem é a louca fusão do pleno e do imperfeito, logo tudo o que relaciona ao ser humano traz essas duas características.
Parto da idéia que todo “i” tem que realmente ter seu devido “pingo”, ou seja, todas as portas que abrimos na vida devem ser fechadas na hora certa e da maneira correta. Sem esquecer também de fechar as janelas, pois se não se fecha as duas ainda corremos perigo. Saio de casa e deixo a janela aberta, corro o grande risco de que venha o ladrão e encontre tudo muito facilitado para que leve de mim o que é meu. Assim é na nossa vida. Se vamos seguindo o percurso deixando janelas e portas abertas, damos a grande vazão para que roube de nós o que é nosso, ou pior ainda, assaltemos de nos mesmo. Ser “gente resolvia” é a grande missão de toda a gente. E deve ser tomada como uma finalidade sadia. Também como não se deve haver uma fixação pela tendência de “deixar as coisas extremamente organizadas”, por que é um desejo na esfera do impossível, não deverá cair no comodismo por não querer definir nada que passa por você. As pessoas que são desorganizadas assumidas deveriam repensar muito neste seu habito, são aqueles que deixam lixos do passado onde passam, ainda creio que existe gente boa o suficiente que saibam fechar as portas do passado e reciclar os lixos da suas historinhas de cada dia. Tomemos a audácia e assumamos nossa missão de ser “gente resolvida”, enfrente os desafios. Construa histórias, reedite o que não ficou bem feito, mas jamais deixe de viver bem e feliz!