quarta-feira, 7 de abril de 2010

DEUS MORREU


Quando tive a oportunidade de estudar o pensamento de Frederick Nietzsche, mesmo partindo de um preconceito por parte de meus professores, tive uma imagem positiva do “cara”. Achei interessante a sua crítica a alienação religiosa, e como não ficar surpreso com a sua declaração da morte de Deus.

Li nesse domingo de páscoa em um jornal: “Conta-se que na década dos cinqüenta apareceu pinchado no metrô de Nova York a seguinte discrição: ‘Deus morreu, assinado Nietzsche.’ Mas, no dia seguinte, outra mão pinchou em baixo: ‘Nietzsche morreu. Assinado: Deus’. Imagino que tal episodio foi uma resposta de um religioso, porém eu, nada religioso e pouco cristão, sei por mínima fé que Deus não esta morto, ao contrario vivi triunfante na vida daqueles que se abrem ao amor.

Não sei a veracidade desse fato do metrô de Nova York, mas gostei dos trocadilhos de palavras. Nietzsche verdadeiramente morreu, ao que sei de morte trágica em pleno estado de loucura. Entretanto quero deter-me a outra afirmação: e Deus, morreu?

Sim, Deus esta morto, e não há nem ao menos lembrança da sua existência em muitos meios sociais. Tomado pelo pensamento de Nietzsche eu digo mais, morreu primeiramente onde Ele deveria ser vivo escancaradamente: nas igrejas e meios religiosos. “O cristianismo morreu com o seu fundador pregado na cruz.” Discorda, por quê?

Digo sem medo de errar, digo partindo de experiências e de convivência: Deus morreu. Eu, assim como Nietzsche reafirmo, Deus morreu assassinato por nós homens. Mas não falo da morte substancia, da morte real do Criador Onipotente, não declaro a morte do Abba, do Paizinho de Amor... Não... Declaro a morte moral de Deus.

No pensamento cristão, os seguidores de Jesus devem ser outros Cristos na humanidade. Continuar os ensinamentos do seu fundador. Se assim não é, logo Cristo não vive entre nós. Cristo morreu e não Ressuscitou.

Acredito que ainda há, mesmo que pouco, comunidades que buscam realmente viver o propósito de Jesus, o lindo ideal cristão de amor e fraternidade. No meu dizer acima eu exagerei, disse como se não houvesse mais ninguém comprometido com o ensinamento cristológico. Exagerei para entenderem.

Tenho alguns amigos clérigos, outros candidatos ao clérigo. Em um ou outro eu consigo ver vestígios da existência de Deus. A maior parte dos seguimentos religiosos, como disse Nietzsche, colocam cargas pesadas sobre os fiéis, cargas que nem mesmo eles conseguiriam carregar. Incoerente, não?

Penso não precisar lembrar, mas lembrarei a vida moral da Igreja Católica que cada dia me arrebata mais aos infernos do que aos céus. Não vou concorda com Nietzsche que acreditou que a Igreja Católica seria extinta, mas creio que ela já acabou. Acabou com o essencial de seu carisma. É uma grande assassina de Deus.

Nos últimos meses temos nos chocado com os noticiários de pedofilia aqui e lá. Aqui na paróquia e lá no vaticano. Isso é terrível é lógico, mas infelizmente não é o pior, é a pontinha do grande meteoro que vem a todo vapor manchar não só a vida moral da Igreja, mas destruir famílias e abalar a fé de gente que ignorantemente crê em Deus pelas vidas da doente Igreja.

Nas palavras de Bezerra de Menezes: Se cremos na Igreja como mãe, e no papa como guia infalível, certamente teremos que crer em dois deuses, um na terra e outro no céu. Não estou dizendo que ele não possa errar, pois erra. Porém quero dizer não é justo ensinar que ele é soberano quando ele é um homem como nós, limitado ao erro e ao acerto, é a sua condição humana não diferenciada do resto dos mortais.

Quando vou rezar o meu credo, digo firmemente que eu creio

Se olhamos para o inicio do cristianismo, se nos detivermos atentamente as primeiras comunidades, a qual relata a Bíblia e outros escritos apócrifos, concluiremos sem dificuldade que o cristianismo está extinto. O que temos no geral são seguimentos religiosos que se dizem cristãos, distorcem os ensinamentos de Jesus, alguns por interesses próprios, comodidade, outros por conveniência econômica ou social.

Pensando assim, na realidade dos que se dizem “crentes” (credores de Deus), Deus morreu ou não? O Cristianismo morreu ou não com Jesus na cruz? Com fé, se Deus não morreu em breve morrerá.

Não sei se estou errado, mas Deus Vivo me perdoe se eu estiver. Temos encontrado a existência de Deus mais em convivência não-religiosos do que em templos propriamente ditos. Alias o templo sagrado mesmo é o coração e a mais bela religião é sem duvida é a família.

Deus em seu aspecto essência de Criador não deixará de existi se eu crer ou se eu não crer. Mas Ele deixará de existe na humanidade quando eu não testemunhar a sua existência. Logo, nessa segunda opção, a existência de Deus ou a sua morte depende de nossa resposta moral. ÍTALO ALESSANDRO – Em luto pela morte moral de Deus.

3 comentários:

  1. você tem msn?
    Seria legal bater um papo com você.
    Grande pensamento o seu.

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  2. antes de mais nada, mto bom o texto que escreveu.

    E assim que sair do luto (ou impulsionado por ele) coloque em prática o Renascimento de Deus.
    Entendo totalmente o que quis dizer no texto... e não posso dizer que não concordo, estaria mentindo até pra mim mesmo.
    E justamente pela mensagem de seu texto, é que vemos como o tempo urge na busca ou (re)descobrimento da Divindade.
    Não a Divindade religiosa, mas a Divindade sem fronteiras, limitações e utopia.
    A Divindade do Bem, da Luz, da Paz, do Amor... enfim, a Divindade que transborda a alma de alegria e esperança.

    É ali que nos encontramos com o principio de todas as coisas. Na alma.
    Apenas precisa sentir luto aquele que de Deus se afastou. Se o tenho perto, não há luto! Há força.
    Força para ser Seu espelho diante do mundo.
    Força para mostrar Sua beleza, mesmo que esta tenha sido deturpada.

    E não digo no sentido da "pregação"; longe que querer ser uma boca que fala palavras decoradas, sem conteúdo.
    Quando somos COM Deus, somos naturais... demonstramos Deus com simplicidade, sem impor, sem exigir, sem "encher o saco".
    Apenas somos com Ele. Nas palavras, nas atitudes, no entendimento, na postura.

    Entender Deus... não, aqui não! Quando o encontrarmos apenas. Mas sentí-lo, sim, isso podemos a todo momento.
    Afinal somos emanações Dele! Afinal há emoção em um email que conta a história de um ser humano.
    A emoção diante de fatos salutares (e de exemplos salutares), nada mais é que Deus mostrando que está ali só esperando nossa abertura de coração.
    Uma vez aberto, vamos construindo os degrais, passo a passo, para nossa evolução, até que chegue a um patamar em que os ensinamentos de Jesus não mais precisam ser aprendidos; nesse momento, já fazem parte de nosso ser.

    Sejamos espelhos de Deus!
    Se Deus morreu para muitos, ressuscitemos!

    Recordemos a oração de São Francisco de Assis.
    Essa oração, diferente das demais, não apenas pede... mas oferece!
    Todos estamos mto acostumados a pedir... pede-se muito, agradece-se pouco!
    Então, vamos pedir... mas vamos agradecer e vamos oferecer! Oferecer o que temos, o que desenvolvemos, o que ganhamos, para mostrar aos que perderam a fé que Deus nunca abandona, Ele é quem é abandonado!



    Bjss Ith!

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  3. Só um comentário:
    Vc ainda escreve com sentimento.
    Vc ainda escreve com paixão.
    Digo "ainda" em sentido pejorativo.
    Quem escreve deve estar acima do bem e do mal.
    Quem escreve deve estar acima de opniões.
    Quem escreve filosoficamente deve estar com a verdade.
    Vc iniciou seu texto a partir de sua simpatia com Nietzsche.
    Simpatia diminui o valor filosófico do seu texto.
    Gostei muito do seu texto.
    Ele retrata o seu crescimento intelectual e sua capacidade crítica.

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